O cheiro, ou o aroma, alimenta a alma, marca a memória, cria recordações como, por exemplo, quando a gente se lembra do perfume de alguém querido ou daquele cheirinho de terra molhada com gosto de infância, sabe? Mas, e se o cheiro de cada recordação tivesse uma cor? Seria, então, possível fazer com que pessoas com deficiência visual e neurodivergentes enxergassem o mundo colorido por meio de uma nova perspectiva? É isso que 25 profissionais do Departamento de Inclusão de Aquiraz e Núcleo de Atendimento Municipal Especializado (DIA/NAME), que atendem Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), descobriram na manhã de hoje (29) através do workshop "As Cores no meu Nariz"; uma experiência sensorial imersiva, comandada pelo químico, Josafá Rebouças, mais conhecido nas redes sociais como Dr. Cor. Juntos, eles embarcaram em uma jornada mágica e divertida, onde os sentidos e o aprendizado se misturaram e as cores ganharam vida através do olfato. O convite foi uma iniciativa da Prefeitura de Aquiraz, por meio da Secretaria de Saúde, através da diretoria do DIA/NAME. A ideia, de acordo com Manu Matos, diretora do DIA/NAME, é levar as cores da inclusão, para pessoas neurodivergentes, através da capacitação desses profissionais. Para ela, a visita do Dr. Cor é um avanço para o município. "Essa capacitação é essencial para atualização, para o aprimoramento de novos conhecimentos e habilidades, principalmente, nessa área. Essa capacitação contribui para aumentar os conhecimentos dos profissionais e dar mais resultados nos atendimentos." Além disso, esse conhecimento, segundo Manu, vai mudar a forma como as pessoas com TEA enxergam as cores. "Essa capacitação traz algo assistivo e inclusivo porque dá acesso às pessoas com TEA, conhecer as cores e novas formas de percepção, através do aroma, então é mais que inclusiva, por isso que a gente se preocupou tanto em trazer". Chiara Togni, psicóloga do DIA/NAME, é uma das profissionais que participou do Workshop do Dr. Cor. Ela conta, com entusiasmo, que a experiência trouxe novas perspectivas pessoais de evolução e transformação. Para ela, compreender o outro é um gesto de carinho. "Correlacionar cores a cheiros foi algo inovador e surpreendente. Nós, profissionais da saúde que trabalhamos com inclusão e pessoas com transtornos do neurodesenvolvimento todo dia, tivemos a prova de que sempre dá pra aprender mais. O sentimento que senti foi de empatia, de tentar entender mais o outro e de se colocar no lugar do próximo. E no final a pergunta que tentamos tanto responder: 'Como podemos ajudar mais o outro?', com certeza esse projeto do Dr. COR é uma das respostas!" O Workshop do Dr. Cor conquistou várias cidades do Ceará, chegou até o Rio de Janeiro e já atravessou o Oceano, rumo aos Estados Unidos, mas para ele, cada apresentação é uma oportunidade de aprimoramento. "Nosso Workshop é uma troca inspiradora, onde cada experiência compartilhada nos ajuda a melhorar nossa tecnologia e ampliar seu impacto pelo mundo." DR. COR Josafá Rebouças, conhecido nas redes sociais como Dr. Cor, é doutorando em propriedade intelectual e inovação na Academia do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e trabalha com a produção de tintas há 35 anos. Fundador do projeto "Amigos do Lou", que surgiu em 2023, e vencedor do Prêmio LED, Luz na Educação, de iniciativa da Fundação Roberto Marinho e da TV Globo, Josafá conta que a ideia surgiu por meio de uma conversa informal com a esposa, quando ela falava sobre adicionar cheiro nas tintas. "Como você explica cores para alguém deficiente visual? Através dos aromas! A nossa metodologia, os princípios da sinestesia olfativa, quando é associado a um aroma, ou seja, o maracujá é amarelo,o hortelã é verde, e assim a gente leva cores para todos e isso independe do idioma porque o olfato é universal". Esta foi a forma que o químico, Josafá Rebouças, encontrou de colorir o mundo através dos aromas, ou seja, de ensinar as cores para pessoas com deficiência visual através de associações pelo olfato. E, ao passo que o projeto se tornava conhecido, Dr.Cor percebeu que outros públicos, como as pessoas com Transtorno do Espectro Autista, também poderiam ser beneficiadas. "E aí, eu pensei 'eu vou agora criar os Amigos do Lou para levar as cores da inclusão para todos, não só para deficientes visuais'".