Ideia é adaptar as festas juninas tradicionais para atender às necessidades sensoriais de crianças atípicas; fortalecendo a inclusão, os vínculos sociais e promovendo a cultura.
Arraiá da Inclusão 2025 Foto: Iago Jenipapo
Você consegue imaginar um Arraiá sem barulho, sem luzes e sem multidões? Difícil porque, simplesmente, não existe! Mas por conta da hipersensibilidade sensorial, uma das características comuns do transtorno do Espectro Autista (TEA), a presença de crianças, com essa condição, em festejos tradicionais, como as festas juninas, por exemplo, é impossível. Elementos como fogos de artifício, aglomerações, luzes, música alta e comidas com texturas e sabores diferentes são grandes desafios para essas crianças, o que pode resultar em estresse, ansiedade e isolamento.
Pensando em compartilhar a alegria do São joão com as crianças atípicas de nosso município, fortalecer vínculos sociais e promover a integração e a cultura, a Prefeitura de Aquiraz, por meio da Secretaria de Saúde, através do Departamento de Inclusão e o Núcleo de Atendimento Municipal Especializado (DIA/NAME) realizou na manhã de hoje (02) o "Arraiá da Inclusão 2025".
Um evento pensado, cuidadosamente, e adaptado para atender as necessidades de crianças atípicas. Para isso, o DIA/NAME criou um espaço leve e tranquilo, com poucos estímulos sensoriais, reduziu o volume da música, apostou em uma iluminação suave e adaptou as atividades tradicionais, diminuindo assim possíveis sentimentos de pressão e competição.
A ideia, de acordo com Manu Matos, diretora do DIA/NAME, é garantir que todas as crianças possam participar dos festejos juninos de forma segura e confortável, desfrutando da música, da dança, das comidas típicas, além de promover a integração e valorizar as raízes culturais nordestina. "O objetivo é integrar as nossas crianças, adolescentes, suas famílias e profissionais. A gente buscou trazer alegria, diversão, além de promover a integração e a socialização. Mais que uma festa, a gente tentou passar um sentimento de pertencimento e de conexão com outras pessoas."
A grande novidade do "Arraiá da Inclusão" neste ano é que a apresentação da quadrilha ficou por conta das próprias crianças, garantindo assim uma experiência cultural completa. Segundo Manu, o evento foi criado para elas e por elas. "Não faltou um bom forró pé-de-serra apresentado pelas próprias crianças e adolescentes do DIA/NAME, casamento matuto, interpretação de "Mulher rendeira" na voz e violão do cantor Carlos Eduardo, que também é criança atípica, teve barraca do beijo, exposição de trabalhos artísticos... Foi um Arraiá completo".
Entre cores, dança, brincadeiras, pipoca, algodão-doce e uma mesa farta de comidas típicas de São João, fica evidente que o "cuidar" também passa por momentos de leveza, empatia e, claro, por um bom arrasta-pé.